Beija-Flor
Os beija-flores ou colibris são os menores pássaros do mundo. Ágeis e irrequietos em suas lindas e variadas cores, encantam a todos aqueles que observam as admiráveis coreografias que eles desenham no ar. Voando sem parar, em todas as direções, estão sempre à procura do néctar de que se alimentam e para obtê-lo introduzem seu bico longo e fino em cada flor que encontram.
A velocidade e a agilidade no vôo são, sem dúvida, suas características mais marcantes. Como pequeninos mísseis alados, cortam o ar em manobras inesperadas e parecem nada temer. Suas asas invisíveis, de tão rápidas, permitem grandes façanhas, até mesmo enfrentar pássaros cem vezes maiores. Por isso, são considerados campeões de vôo. Sua plumagem colorida e brilhante dá a impressão de mudar de tonalidade a cada instante, originando a grande variedade de denominações que recebem. Alguns colibris são comparados a pedras preciosas, como rubi, safira ou esmeralda; outros têm nomes de contos de fada; há ainda aqueles que lembram corpos celestes, cometas ou raio de sol.
Para atrair os beija-flores e garantir seu alimento, costuma-se colocar nos jardins bebedouros apropriados, porque facilmente esses minúsculos pássaros se aproximam dos locais floridos, sem temer a presença de estranhos: voam sobre a cabeça das pessoas e às vezes pairam no ar como se as estivessem observando. Parecem mesmo gostar de exibir sua agilidade e beleza.
Em geral, esses pássaros são diminutos. O menor deles é o beija-flor-abelha, encontrado em Cuba. Mede cerca de 5 centímetros de comprimento, sendo que a metade deste tamanho corresponde ao bico e à cauda, e pesam em média 6 gramas. Existem também beija-flores maiores, embora sejam exceção. O beija-flor-gigante, por exemplo, que vive na América do Sul e chega a medir 20 centímetros de comprimento.
Pertencentes a uma das maiores famílias de pássaros, as inúmeras espécies de beija-flores apresentam uma grande variedade de cores, tamanhos, tipos de plumagem e formatos de bico. Existem beija-flores nas três Américas, tanto nas montanhas frias do Alasca como na florestas tropicais do hemisfério sul.
Agitados, independentes e espertos, esses graciosos bichinhos se aclimatam a qualquer temperatura ou tipo de vegetação. E em todo o mundo, seja qual for sua espécie, o beija-flor é admirado como o pássaro mais delicado e encantador.
O MINÚSCULO CORPO do beija-flor apresenta aspectos bastantes originais. O desenho peculiar de suas asas, aliado aos poderosos músculos que as movimentam, fazem dele um dos mais exímios voadores. Em pleno ar, o beija-flor executa verdadeiros malabarismos, impossíveis a qualquer outro pássaro.
As penas do beija-flor brilham como diamantes e, com seus movimentos rápidos, parecem mudar de cor a cada momento. Seu bico mais se assemelha a uma espada fina e comprida, e sua língua é ainda duas vezes mais longa. Cada uma dessas características faz do beija-flor um pássaro muito original.
As asas do beija-flor se movimentam em todas as direções. Isso porque seus ossos são diferentes dos que compõem as asas das outras aves. Estas têm ossos longos, enquanto que as asas do beija-flor têm ossos curtos e flexíveis.
O esqueleto do beija-flor parece um delicado brinquedo feito de palitos de fósforo, mas tem uma estrutura surpreendentemente forte. O osso maior é o do peito, que sustenta os poderosos músculos que impulsionam o vôo. Mais de um terço do peso de um beija-flor corresponde aos músculos peitorais, o maior conjunto de músculos que o pássaro possui e que é responsável pela força de seu esplêndido vôo.
Para retirar o néctar do interior das flores, o beija-flor usa seu longo bico e sua língua, cuja extremidade é dividida em duas partes recobertas de minúsculos pêlos.
A GRANDE VARIEDADE de beija-flores constitui uma riqueza do mundo animal. Com cerca de trezentas espécies, estes minúsculos animais formam uma das maiores famílias de pássaros do mundo.
O beija-flor tem sua origem na América do Sul, de onde se espalhou para o resto do continente. Pode ser encontrado tanto nas florestas tropicais como nos desertos, montanhas e planícies, adaptando-se a todo tipo de clima. Algumas espécies vivem nas regiões frias do norte do Alasca, enquanto outras se dão bem nas condições ambientais do extremo sul da América. Em qualquer recanto onde houver flores se abrindo, aparecem essas pequeninas criaturas para visitá-las e retirar seu mel.
E como que para competir com a imensa variedade de colorido das flores, os colibris apresentam plumagens com um largo espectro de matizes, além de todo tipo de caudas e topetes.
SÃO GRANDES COMILÕES os beija-flores. Embora sejam muito pequenos, eles gastam uma grande quantidade de energia porque estão sempre em movimento: suas asas, por exemplo, são as mais rápidas, com cerca de setenta batidas por segundo. Para repor essas forças, eles estão sempre sugando as flores.
O alimento em tal quantidade deve ser digerido rapidamente, por isso sua dieta consiste sobretudo de açúcar, que logo é transformado em energia. Esse combustível é encontrado nas várias espécies de flores.
As proteínas necessárias para fortalecer seus músculos são fornecidas pelos insetos que os beija-flores apanham. Assim, o total de alimentos que eles consomem é muito grande em relação a seu peso e tamanho. Basta lembrar que, se um homem de 75 quilos gastasse energia na mesma proporção, por exemplo, do beija-flor-de-pescoço-vermelho (Archilocus colubris), teria de ingerir diariamente cerca de 150 quilos de batata.
Para saciar seu grande apetite, algumas espécies de beija-flores visitam por dia cerca de 1500 flores. Embora a principal fonte de alimento desses pássaros sejam as flores, eles não dispensam o açúcar encontrado nas frutas suculentas. Enquanto o beija-flor está ocupado em obter o néctar, ele carrega o pólen de uma flor para outra, ajudando no processo de fecundação das flores. Assim eles mantém uma simbiose com as plantas.
NO VÔO nenhum outro pássaro se compara aos beija-flores. Eles se lançam como uma flecha para a frente e para trás, para os lados, para cima e para baixo; podem dar marcha a ré ou ficar parados no ar batendo as asas com incrível rapidez. Nesse movimento elas ficam quase invisíveis, mas chegando bem perto é possível ouvir seu zumbido. Em poucos segundos eles já estão longe, sem que os olhos possam perceber.
Na época do acasalamento, os colibris costumam fazer o vôo nupcial, cujo trajeto varia de acordo com a espécie.
Para levantar vôo, o beija-flor não precisa dar impulso com os pés, como os outros pássaros. Apenas bate as asas, alcançando a velocidade máxima quase imediatamente.
A VIDA DO BEIJA-FLOR é muito agitada. Apesar do seu tamanho, ele costuma gastar num só dia mais energia do que qualquer outro animal de sangue quente. Grande parte do dia ele passa procurando flores para sugar seu néctar.
Mas o beija-flor também gasta seu tempo em outras atividades, como tomar banho, por exemplo. Chapinhando em alguma fonte ou corrente d'água, sempre encontra maneiras variadas e criativas de tomar seu banho diário.
Muitos independentes, os beija-flores costumam comer, banhar-se ou descansar sempre sozinhos. Juntos, passam a maior parte do tempo brigando ou perseguindo um ao outro, a não ser na época de acasalamento. Seu namoro é breve e com bonitos torneios de vôo.
AS FÊMEAS têm muito trabalho porque não contam com a ajuda dos machos. São elas que constróem os ninhos, chocam os ovos e protegem os filhotes.
Apesar de minúsculos, os ninhos são muito bonitos. E, por incrível que pareça, esse pequeno e frágil abrigo resiste ao vento, às chuvas e ao crescimento dos filhotes. Na verdade, os beija-flores são hábeis construtores --além de interessantes, seus ninhos são muito confortáveis. E para sorte das fêmeas, os filhotes crescem muito rápido. Nascem menores que uma mamangaba, mas, deixam o ninho poucas semanas depois.
Depois de construir o ninho com grama, folhas, flores, pétalas e musgo, o beija-flor fixa isso tudo com o fio viscoso da teia de aranha, deixando o abrigo bastante firme. Geralmente, os beija-flores botam apenas dois ovos. Seus ninhos não comportam mais, e a fêmea não consegue alimentar mais que dois filhotes. Ao nascer, o beija-flor não tem penas nem enxerga. A mãe alimenta os filhotes colocando em sua garganta o bico cheio de néctar. Na maioria das vezes, os filhotes abrem os olhos com 3 ou 4 dias. Então, já observam ansiosos a mãe, que chega para alimentá-los. No início, a fêmea protege seus filhotes com as asas, mantendo-os bem aquecidos. Mas como são incrivelmente resistentes, depois da primeira semana já estão prontos para se aquecer sozinhos no ninho aconchegante. Com duas semanas de idade, a maioria dos beija-flores já tem os olhos brilhantes e atentos, e o corpo coberto de penas. Às vezes, se levantam no ninho e batem as asas - exercícios importantes para desenvolver os músculos. Com 3 ou 4 semanas, o pequeno beija-flor já está pronto para deixar o ninho e começa a dominar o vôo com rapidez e facilidade. Mas ainda tem dificuldade para se alimentar sozinho: nesta fase de treinamento, coloca o bico em objetos coloridos julgando serem flores.
O FUTURO dos beija-flores está diretamente ligado à preservação da flora terrestre, sobretudo das árvores e arbustos que têm florescência abundante. Facilmente adaptáveis a qualquer ambiente, os beija-flores, na verdade, não exigem muito para sobreviver: constróem seus ninhos em todo tipo de árvore e podem encontrar alimento nas flores em geral, encontradas em diversos lugares, como jardins, hortas e parques. Além disso, não temem as pessoas e vivem nas cidades sem dificuldade.
Mesmo assim, o crescimento acelerado da população e a destruição de muitas espécies de plantas nativas podem constituir um grave problema para esses pássaros: muitas vezes começam a faltar-lhes locais apropriados para construir seus ninhos ou onde possam encontrar alimento adequado.
É praticamente impossível acreditar que alguém seja capaz de perseguir ou matar beija-flores. Muitos, no entanto, fazem isso sem perceber, ao derrubar matas ou eliminar famílias inteiras de plantas e flores. Tendo mais consciência da necessidade de maior equilíbrio entre a vida das plantas, dos animais e dos homens, pode-se evitar muitos danos à natureza, da qual dependemos e fazemos parte. Ao se preservar as centenas de espécies de beija-flores conhecidas, estaremos, no mínimo, assegurando uma vida mais colorida e alegre, e nosso mundo será melhor e mais bonito.
Informações retiradas da revista O REINO ANIMAL, Editora Nova Cultural Ltda. e enviadas pelo Dr. Zalmir Silvino Cubas - Diretor do parque das Aves Foz Tropicana - Foz do Iguaçú - PR